sábado, 27 de agosto de 2011

sociologia

OQUE É SOCIOLOGIA?
A
sociologia constitui um projeto intelectual tenso e contraditório. Para alguns representa uma poderosa arma a serviço dos interesses dominantes, para outros ela é a expressão teórica dos movimentos revolucionários.
Por sua posição de contradição foi proscrita de centros de ensino e uni-versidades da América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, etc.) todos em regimes dita-toriais. Foi acusada ainda de ser disfarce do marxismo e teoria de revolução.
Historicamente, a sociologia é um conjunto de conceitos, de técnicas e de métodos de investigação produzidos para explicar a vida social. Como princípio para o autor, a sociologia é o resultado de uma tentativa de compreensão de situa-ções sociais radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalis-ta.
O Surgimento
Podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pen-samento moderno. Desde Copérnico, a evolução do pensamento era exclusiva-mente científico. A sociologia veio preencher a lacuna do saber social, surgindo após, a constituição das ciências naturais e de várias ciências sociais. A sua for-mação constitui um acontecimento complexo para o qual concorreram circunstân-cias históricas e intelectuais e intenções práticas. O seu surgimento ocorre num momento histórico determinado, coincidente com os últimos momentos da desa-gregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista.
A criação da sociologia não é obra de um só filósofo ou cientista mas o trabalho de vários pensadores empenhados em compreender as situações novas de existência que estavam em curso.
As transformações econômicas, políticas e culturas verificadas no sécu-lo XVII, marca de forma indelével a sociologia. As revoluções industrial e a france-sa patrocinam a instalação definitiva da sociedade capitalista. Somente por volta de 1830, um século depois, surgiria a palavra sociologia, fruto dos acontecimentos das duas revoluções citadas. A revolução industrial, à parte a introdução da má-quina a vapor e os aperfeiçoamentos dos métodos produtivos, determinou o triunfo da indústria capitalista pela concentração e controle de máquinas, terras e ferra-mentas onde as massas humanas eram simples trabalhadores despossuídos.
Cada passo da sociedade capitalista capitaneava a desintegração e o solapamento de instituições e costumes reinantes, para constituir-se em novas formas de organização social. As máquinas não simplesmente destruíam os pe-quenos artesãos, como obrigava-os à forte disciplina, nova conduta e relação de trabalho até então desconhecidas.
Em 80 anos (entre 1780 e 1860), a Inglaterra conseguiu mudar radical-mente a sua face. Pequenas cidades passou a grandes cidades produtoras e ex-portadoras. Estas bruscas transformações implicariam em nova organização social, pela transformação da atividade artesanal em manufatureira e fabril, como também pela emigração do campo para a cidade onde mulheres e crianças em jornatrabalho desumana percebiam salários de subsistência e constituía-se em mais da metade da força de trabalho industrial. Estas cidades se transformaram num ver-dadeiro caos, vez que sem condições para suportar um vertiginoso crescimento, deram lugar a toda sorte de problemas sociais, tais como, surtos de epidemias de tifo e cólera, vícios, prostituição, criminalidade, infanticídio que dizimaram parte das suas populações.
Este fenômeno, o da revolução industrial, determinou o aparecimento do proletariado e o papel histórico que ele desempenharia na sociedade capitalista. Os seus efeitos catastróficos para a classe trabalhadora geraram sentimentos de revolta traduzidos externamente na forma de destruição de máquinas, sabotagens, explosão de oficinas,roubos e outros crimes, que deram lugar à criação de associ-ações livres e sindicatos que permitiram o diálogo de classes organizadas, cientes de seus interesses com os proprietários dos instrumentos de trabalho.
Estes importantes acontecimentos e as transformações sociais verifica-das despertaram a necessidade investigação. Os pensadores ingleses que teste-munhavam estas transformações e com elas se preocupavam não eram homens de ciência ou sociólogos profissionais. Eram homens de atitude que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade. Participavam de debates ideo-lógicos onde estavam presentes correntes conservadoras, liberais e socialistas, visando orientação de ações para conservar, modificar radicalmente ou reformar a sociedade de seu tempo. Isto quer dizer que os precursores da sociologia se en-contravam entre militantes políticos e entre as pessoas que se preocupavam com os problemas sociais. Entre eles estavam os pensadores: Owen (1771-1858), Wil-liam Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832), etc., cujos escritos foram de importância capital para a formação e constituição de um saber sobre a sociedade.
A sociologia constitui uma resposta intelectual às novas situações colo-cadas pela revolução industrial, como por exemplo, a situação dos trabalhadores, o aparecimento das cidades industriais, as transformações tecnológicas, a organiza-ção do trabalho na fábrica, etc. É a formação e uma estrutura social específica – a sociedade capitalista – que impõe uma reflexão sobre a sociedade, suas transfor-mações, suas crises, e sobre seus antagonismos de classe.
A observação e o experimento como fontes da exploração dos fenôme-nos da natureza propiciou a acumulação de fatos. O relacionamento entre estes, possibilitaria o seu controle e domínio.
O pensamento filosófico do século XVII contribuiu para popularizar os avanços do pensamento científico. “A teologia deixaria de ser a forma norteadora do pensamento. A autoridade em que se apoiava um dos alicerces da teologia, cederia lugar a uma dúvida metódica que possibilitasse um conhecimento objetivo da realidade” (Francis Bacon 1561-1626). Para ele o novo método de conhecimen-to (observação e experimentação), ampliaria infinitamente o poder do homem e deveria ser estendido e aplicado ao estudo da sociedade.
O uso sistemático da razão, do livre exame da realidade, representou um grande salto para libertar o conhecimento do controle científico, da tradição, da “revelação” e, conseqüentemente, para a formulação de uma nova atitude intelec-tual diante dos fenômenos da natureza e da culturada.

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