domingo, 5 de abril de 2015

Colesterol

                                   

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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

sociologia

DESIGUALDADES SOCIAIS
No mundo em que vivemos percebemos que os indivíduos são diferentes, estas diferenças se baseiam nos seguintes aspectos: coisas materiais, raça, sexo, cultura e outros.
Os aspectos mais simples para constatarmos que os homens são diferentes são: físicos ou sociais. Constatamos isso em nossa sociedade pois nela existem indivíduos que vivem em absoluta miséria e outros que vivem em mansões rodeados de coisas luxuosas e com mesa muito farta todos os dias enquanto outros não sequer o que comer durante o dia.
Por isso vemos que em cada sociedade existem essas desigualdades, elas assumem feições distintas porque são constituídas de um conjunto de elementos econômicos, políticos e culturais próprios de cada sociedade.
DESIGUALDADES: A POBREZA COMO FRACASSO
No século XVIII, o capitalismo teve um grande crescimento, com a ajuda da industrialização, dando origem assim as relações entre o capital e o trabalho, então o capitalista, que era o grande patrão, e o trabalhador assalariado passaram a ser os principais representantes desta organização.
A justificativa encontrada para esta nova fase foi o liberalismo que se baseava na defesa da propriedade privada, comércio liberal e igualdade perante a lei. A velha sociedade medieval estava sendo totalmente transformada, assim o nome de homem de negócios era exaltado como virtude, e eram-lhe dadas todas as credenciais uma vez que ele poderia fazer o bem a toda sociedade.
O homem de negócios era louvado ou seja ele era o máximo, era o sucesso total e citado para todos como modelo para os demais integrantes da sociedade, a riqueza era mostrada como seu triunfo pelo seus esforços, diferente do principal fundamento da desigualdade que era a pobreza que era o fator principal de seu fracasso pessoal .
Então os pobres deveriam apenas cuidar dos bens do patrão, maquinas, ferramentas, transportes e outros e supostamente Deus era testemunha do esforço e da dedicação do trabalhador ao seu patrão. Diziam que a pobreza se dava pelo seu fracasso e pela ausência de graça, então o pobre era pobre porque Deus o quis assim.
O pobre servia única e exclusivamente para trabalhar para seus patrões e tinham que ganhar somente o básico para sua sobrevivência, pois eles não podiam melhorar suas condições pois poderiam não se sujeitar mais ao trabalho para os ricos, a existência do pobre era defendida pelos ricos, pois os ricos são ricos as custas dos pobres, ou seja para poderem ficar ricos eles precisam dos pobres trabalhando para eles, assim conclui-se que os pobres não podiam deixar de serem pobres.
A DESIGUALDADE COMO PRODUTO DAS RELAÇÕES SOCIAIS
Várias teorias apareceram no século XIX criticando as explicações sobre desigualdade, entre elas a de Karl Marx, que desenvolveu um teoria sobre a noção de liberdade e igualdade do pensamento liberal, essa liberdade baseava-se na liberdade de comprar e vender. Outra muito criticada também foi a igualdade jurídica que baseava-se nas necessidades do capitalismo de apresentar todas as relações como fundadas em normas jurídicas. Como a relação patrão e empregado tinha que ser feita sobre os princípios do direito, e outras tantas relações também.
Marx criticava o liberalismo porque só eram expressos os interesses de uma parte da sociedade e não da maioria como tinha que ser.
Segundo o próprio Marx a sociedade é um conjunto de atividades dos homens, ou ações humanas, e essas ações e que tornam a sociedade possível. Essas ações ajudam a organização social, e mostra que o homem se relaciona uns com os outros.
Assim Marx considera as desigualdades sociais como produto de um conjunto de relações pautado na propriedade como um fato jurídico, e também político. O poder de dominação é que da origem a essas desigualdades.
As desigualdades se originam dessa relação contraditória, refletem na apropriação e dominação, dando origem a um sistema social, neste sistema uma classes produz e a outra domina tudo, onde esta última domina a primeira dando origem as classes operárias e burguesas.
As desigualadas são fruto das relações, sociais, políticas e culturais, mostrando que as desigualdades não são apenas econômicas mas também culturais, participar de uma classe significa que você esta em plena atividade social, seja na escola, seja em casa com a família ou em qualquer outro lugar, e estas atividades ajudam-lhe a ter um melhor pensamento sobre si mesmo e seus companheiros.
AS CLASSES SOCIAIS
As classes sociais mostram as desigualdades da sociedade capitalista. Cada tipo de organização social estabelece as desigualdades, de privilégios e de desvantagens entre os indivíduos.
As desigualdades são vistas como coisas absolutamente normais, como algo sem relação com produção no convívio na sociedade, mas analisando atentamente descobrimos que essas desigualdades para determinados indivíduos são adquiridos socialmente. As divisões em classes se da na forma que o indivíduo esta situado economicamente e socio-politicamente em sua sociedade.
Como já vimos no capitalismo, quem tinham condições para a dominação e a apropriação, eram os ricos, quem trabalhavam para estes eram os pobres, pois bem esses elementos eram os principais denominadores de desigualdade social . Essas desigualdades não eram somente econômicas mas também intelectuais, ou seja o operário não tinha direito de desenvolver sua capacidade de criação, o seu intelecto. A dominação da classe superior, os burgueses, capitalistas, os ricos, sobre a camada social que era a massa, os operários, os pobres, não era só economica mas também ela se sobrepõe a classe pobre, ou seja ela não domina só economicamente como politicamente e socialmente
A LUTA DE CLASSES
As classes sociais se inserem em um quadro antagônico, elas estão em constante luta, que nos mostra o caráter antagônico da sociedade capitalista, pois, normalmente, o patrão é rico e dá ordens ao seu proletariado, que em uma reação normal não gosta de recebe-las, principalmente quando as condições de trabalho e os salários são precários.
Prova disso, são as greves e reivindicações que exigem melhorias para as condições de trabalho, mostrando a impossibilidade de se conciliar os interesses de classes.
A predominância de uma classe sobre as demais, se funda também no quadro das práticas sociais pois as relações sociais capitalistas alicerçam a dominação econômica, cultural, ideológica, política, etc.
A luta de classes perpassa, não só na esfera econômica com greves, etc, ma em todos os momentos da vida social. A greve é apenas um dos aspectos que evidenciam a luta. A luta social também está presente em movimentos artísticos como telenovelas, literatura, cinema, etc.
Tomemos a telenovela como exemplo. Ela pode ser considerada uma forma de expressar a luta de classes, uma vez que possa mostrar o que acontece no mundo, como um patrão, rico e feliz, e um trabalhador, sofrido e amargurado com a vida, sempre tentando ser independente e se livrar dos mandos e desmandos do patrão. Isso também é uma forma de expressar a luta das classes, mostrando essa contradição entre os indivíduos.
Outro bom exemplo da luta das classes é a propaganda. As propagandas se dirigem ao público em geral, mesmo aos que não tem condição de comprar o produto anunciado. Mas por que isso?
A propaganda é capaz de criar uma concepção do mundo, mostrando elementos que evidenciam uma situação de riqueza, iludindo os elementos de baixo poder econômico de sua real condição.
A dominação ideológica é fundamental para encobrir o caráter contraditório do capitalismo.
AS DESIGUALDADES SOCIAIS NO BRASIL
O crescente estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema concentração de renda, os salários baixos, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a marginalidade, a violência, etc, são expressões do grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.
As desigualdades sociais não são acidentais, e sim produzidas por um conjunto de relações que abrangem as esferas da vida social. Na economia existem relações que levam a exploração do trabalho e a concentração da riqueza nas mão de poucos. Na política, a população é excluída das decisões governamentais.
Até 1930, a produção brasileira era predominantemente agrária, que coexistia com o esquema agrário-exportado, sendo o Brasil exportador de matéria prima, as indústrias eram pouquíssimas, mesmo tendo ocorrido, neste período, um verdadeiro “surto industrial”.
A industrialização no Brasil, a partir da década de 30, criou condições para a acumulação capitalista, evidenciado não só pela redefinição do papel estatal quanto a interferência na economia (onde ele passou a criar as condições para a industrialização) mas também pela implantação de indústrias voltadas para a produção de máquinas, equipamentos, etc.
A política econômica, estando em prática, não se voltava para a criação, e sim para o desenvolvimento dos setores de produção, que economizam mão-de-obra. Resultado: desemprego.
DESENVOLVIMENTO E POBREZA
O subdesenvolvimento latino-americano tornou-se pauta de discussões na década de 50. As proposta que surgiram naquele momento tinham como pano de fundo o quadro de miséria e desigualdade social que precisava ser alterado.
A Cepal (Comissão econômica para a América Latina, criada nessa decada) acreditava que o aprofundamento industrial e algumas reformas sociais criariam condições econômicas para acabar com o subdesenvolvimento.
Acreditava também que o aprofundamento da industrialização inverteria o quadro de pobreza da população. Uma de suas metas era criar meios de inserir esse contingente populacional no mercado consumidor. Contrapunha o desenvolvimento ao subdesenvolvimento e imaginava romper com este último por maio de industrialização e reformas sociais. Mas não foi isso o que realmente aconteceu, pois houve um predomínio de grandes grupos econômicos, um tipo de produção voltado para o atendimento de uma estrita faixa da população e o uso de máquinas que economizavam mão-de-obra. 
De fato, o Brasil conseguiu um maior grau de industrialização, mas o subdesenvolvimento não acabou, pois esse processo gerou uma acumulação das riquezas nas mãos da minoria, o que não resolveu os problemas sociais, e muito menos acabou com a pobreza.
As desigualdades sociais são enormes, e os custos que a maioria da população tem de pagar são muito altos. Com isso a concentração da renda tornou-se extremamente perceptível, bastando apenas conversar com as pessoas nas ruas para nota-la.
Do ponto de vista político esse processo só favoreceu alguns setores, e não levou em conta os reais problemas da população brasileira: moradia, educação, saúde, etc. A pobreza do povo brasileiro aumentou assustadoramente, e a população pobre tornou-se mais miserável ainda.
A POBREZA ABSOLUTA
Quando se fala em desigualdades sociais e pobreza no Brasil, não se trata de centenas de pessoas, mas em milhões que vivem na pobreza absoluta. Essas pessoas sobrevivem apenas com 1/4 de salário mínimo no máximo!
A pobreza absoluta apresenta-se maior nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Para se ter uma idéia, o Nordeste, em 1988, apresentava o maior índice (58,8%) ou seja, 23776300 pessoas viviam na pobreza absoluta.
Em 1988, o IBGE detectou, através da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios, que 29,1% da população ativa do Brasil ganhava até l salário mínimo, e 23,7% recebia mensalmente de l a 2 salários mínimos. Pode-se concluir que 52,8% da população ativa recebe até 2 salários mínimos mensais.
Com esses dados, fica evidente que a mais da metade da população brasileira não tem recursos para a sobrevivência básica. Além dessas pessoas, tem-se que recordar que o contingente de desempregados também é muito elevado no Brasil, que vivem em piores condições piores que as desses assalariados.
As condições de miserabilidade da população estão ligadas aos péssimos salários pagos.
A EXTREMA DESIGUALDADE
Observou-se anteriormente que mais de 50% da população ativa brasileira ganha até 2 salários mínimos. Os índices apontados visam chamar a atenção sobre os indivíduos miseráveis no Brasil.
Mas não existem somente pobres no Brasil, pois cerca de 4% da população é muito rica. O que prova a concentração maciça da renda nas mãos de poucas pessoas.
Além dos elementos já apontados, é importante destacar que a reprodução do capital, o desenvolvimento de alguns setores e a pouca organização dos sindicatos para tentar reivindicar melhores salários, são pontos esclarecedores da geração de desigualdades.
Quanto aos bens de consumo duráveis (carros, geladeiras, televisores, etc), são destinados a uma pequena parcela da população. A sofisticação desses produtos, prova o quanto o processo de industrialização beneficiou apenas uma pequena parcela da poppulação.
Geraldo Muller, no livro Introdução à economia mundial contemporânea, mostra como a concentração de capital, combinado com a mmiserabilidade, é responsável pelo surgimento de um novo bloco econômico, onde estão Brasil, México, Coréia do Sul, Äfrica do Sul, são os chamados “países subdesenvolvidos industrializados”, em que ocorre uma boa industrialização e um quadro do enormes problemas sociais.
O setor informal é outro fator indicador de condições de reprodução capitalista no Brasil. Os camelôs, vendedores ambulantes, marreteiros, etc, são trabalhadores que não estão juridicamente regulamentados, mas que revelam a especificidade da economia brasileira e de seu desenvolvimento industrial.

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A escravidão nos dias de hoje


A escravidão nos dias de hoje

"Antigamente, os escravos tinham um senhor, os de hoje trocam
“De dono e nunca sabem o que esperar do dia seguinte.”
Fernando Henrique Cardoso

Já se passou muito tempo desde a abolição da escravatura em 1888. Nossa amada e idolatrada pátria foi o ultimo pais a fazer a abolição da escravatura. Depois de uma mudança brusca sempre demora um pouco para que sejam feitas todas as mudanças necessárias, mas no Brasil nos enfrentamos um problema: ate hoje não acabou. Não vamos ser radicais e culpar apenas o Brasil, como se aqui o processo evolutivo do homem tivesse começado uma escala de retrocesso. Isto e um problema de vários países subdesenvolvidos atuais. África, Ásia, América do Sul... Todo tem sua parcela. O Brasil e um dos mais fracos!!! E um dos que o combate contra e de grande intensidade!!! Mas quais as causas? Como pode nosso governo deixar isso acontecer diante dos próprios olhos... Como pode homens ainda fazer isso! Depois de um senso lógico e alguns momentos de reflexão podemos chegar a certas conclusões.
Nossa economia, nosso governo, nossa realidade... Esses são alguns dos bons motivos para que a escravidão atual ainda exista. Somos uns pais ricamente agrário, o que já fornece um excelente painel para que a escravidão seja utilizada. Você pode utilizar escravos em uma plantação, mas não em uma fabrica de microprocessadores. O nosso pais e um dos maiores do mundo em extensão territorial, o que facilita a ilegalidade do ato... Não culpemos nosso governo de tudo, por que sentimos sua preocupação com o problema e sua luta para que isso acabe. Mas a culpa lhe cairá no quesito trabalho, terras e pobreza. E uns pais sem empregos, sem dinheiro, sem reforma agrária... Uma reforma agrária bem sucedida renderia empregos para muitos desses, que, enganados caem nas mãos de pessoas que vivem com a cabeça alguns séculos atrasada. Pessoas sem escrúpulos, que se utilizam da ingenuidade de pobres coitados que passam fome e rezam todas as noites para um emprego melhor. Esses pobres coitados que nessa vida nunca tiveram instrução o bastante para realizar o sonho de sair dessa vida.
Vou dar um exemplo de uma reportagem que saiu na revista Terra (Ano 3, numero 10, edição 30, outubro de 1994), de nome a Sina do Sisal. Não e bem uma reportagem sobre a escravidão, já que, escravidão e o emprego em que não se pode sair e lá eles eram "livres"; depois mostrarei o caráter da escravidão neste serviço. O sisal e uma planta que e encontrada em abundância em lugares quentes (de origem mexicana), que se adaptou muito bem ao Brasil. Ela foi trazida ao Brasil no inicio dos anos 60, no auge do comercio deste produto, quando uma tonelada era vendida a mais de 1000 reais e sua procura era enorme. A matéria prima e utilizada para fazer cordas, rechear estofamentos, produzir pasta para a indústria de celulose e para a produção da bebida tequila. Hoje em dia sua tonelada se bem vendida consegue a media de 300 reais, e a cada ano sua procura diminui graças à entrada da fibra sintética no mercado, que e muito mais resistente. O único comprador internacional do sisal no Brasil e os Estados Unidos, que compra cordas para amarrar feixes de feno. A media salarial mensal de cada trabalhador e variável de 20 a 35 reais por mês. Homens, mulheres e crianças trabalham neste cultivo. O emprego que mais ganha, o de 35 reais e o de operar a "Paraibana" maquina de desfibrar o sisal. E uma maquina a diesel muito rudimentar que já arrancou a mão de mais de 2000 homens na região da Bahia. E pouco se comparado a o numero de pessoas que vivem disso, que e de mais de 1 milhão de pessoas espalhado por 100 municípios Baianos. Agora, vejamos uma coisa que mostrara a dureza deste trabalho. A pessoa que mais ganham na cidade, são as que não têm uma das mãos. A media salarial de aposentadoria por invalidez e de 200 reais contra 35 reais das que trabalham e tem as duas. De depoimento de um dos ex-trabalhadores do sisal, ele diz “Se quisermos nos libertar da escravidão do sisal, temos que cortar uma das mãos.". Imagine a que ponto uma pessoa deve chegar para que se atente contra o próprio corpo... E um absurdo... Eles são sindicalizados por um órgão de criação própria, mas que atinge apenas 25 % dos trabalhadores, já que grande parte não tem carteira assinada. Ele não tem apoio do governo para melhorar suas condições de trabalho e de incentivo para um novo mercado. Na terra deles, nada que se planta se colhe. A única coisa e o sisal que fica verde o dia inteiro. Se eles pararem de produzir morrem de fome, por que não tem outros meios de conseguir dinheiro e de manter algum modo de subsistência. Então se não podem, teoricamente, abandonar seus empregos, podemos chamá-los de escravos... Escravos do sisal... Eles vivem em condições não muito melhores do que as de uma senzala do século passado e se querem se ver longe de algum modo de serviço tem que escolher algo perto da morte... Como um escravo...


Veja, 24/3/99
Vidas estilhaçadas
A história de alguns dos 777
Brasileiros que, às portas
Do terceiro milênio, passaram
Pelo horror da escravidão
Alexandre Ultramar e Klestil Cavalcanti
Antônio Pereira da Silva, 27 anos, tentou fugir, passou duas noites na mata amazônica, alimentando-se apenas de palmito, e foi recapturado. De volta à fazenda, com os pulsos amarrados, levou uma surra de cipó durante trinta minutos e um soco rasgou-lhe o queixo, fazendo jorrar sangue no seu peito. Dias depois, desesperado, Antônio Pereira da Silva voltou a fugir e, de novo, foi capturado. Dessa vez, levaram-no para passar três dias, a pão e água, na cela de uma delegacia ali perto, em Santana do Araguaia, no sul do Pará. Naquelas subversões típicas dos confins do Brasil, a polícia não foi sua salvação, mas seu cativeiro, e, dali, saiu de volta para a fazenda. Antônio Pereira da Silva trabalhou como escravo por dois meses, na fazenda Estrela de Maceió, em Santana do Araguaia, até ser libertado em fevereiro do ano passado. Com sua roupa habitual, uma bermuda e um par de havaianas nos pés, a pele queimada de sol e o olhar vazio, ele resume sua experiência numa frase:
– Não se faz isso nem com bicho.
No Brasil que bate às portas do terceiro milênio, que alcançou progresso notável em algumas áreas e almeja a modernidade, há brasileiros tratados dessa forma. "É um absurdo que em plena virada do século tenhamos de conviver com gente com mentalidade pré-histórica. Temos de apertar o cerco cada vez mais contra esses senhores de escravos e puni-los", afirma o ministro da Justiça, Renan Calheiros. Desde 1971, quando o bispo de São Félix do Araguaia, dom Pedro Casaldáliga, fez a primeira denúncia de escravidão nos confins do Brasil, sabe-se que o país convive com essa chaga, embora seja difícil acreditar para quem mora nas cidades, tem celular e endereço na internet. Mas nunca se mediu o tamanho exato do problema. Além disso, é um hábito de certas entidades confundirem "escravidão", regime em que o trabalhador é impedido de abandonar o emprego, seja por violência ou isolamento geográfico, com "superexploração", quando uma pessoa trabalha além da jornada legal, não tem carteira assinada, recebe salário insuficiente ou, às vezes, apenas um prato de comida – mas é livre para deixar o trabalho quando quiser.
Com exclusividade, VEJA teve acesso aos fichários do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, um órgão do Ministério do Trabalho criado há quatro anos com o objetivo de combater a escravidão. Nesses fichários, desvenda-se a história de uma vergonha nacional. De 1995 para cá, informam os documentos, as equipes de resgate do Ministério do Trabalho libertaram 777 brasileiros do cativeiro – e estima-se que para cada escravo libertado haja vários outros vivendo nessa situação aviltante. Os 777 trabalhavam como escravos em fazendas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e, em especial, no Pará. Eram homens, mulheres e crianças. Negros, brancos e mestiços. A maioria, iludida por propostas falsas de trabalho, deixou o lar nos Estados do Tocantins, Maranhão, Pará e Bahia para virar escrava. "É uma situação horrorosa, perversa, inominável. Enquanto um único trabalhador estiver nessa situação, ninguém poderá orgulhar-se do país em que vive", diz a senadora Marina Silva, do PT do Acre.
Fuga na madrugada – "Eu sou testemunha ocular da escravidão no Brasil de hoje e posso dizer: é horrível", afirma Ruth Vilela, 50 anos, coordenadora do grupo de combate à escravidão. Com apenas 1,50 metro de altura, Ruth Vilela é uma gigante em seu trabalho. Mineira, divorciada, formada em direito, mudou-se de Belo Horizonte para Brasília há quatro anos só para assumir essa função, separando-se de dois filhos, um de 25 anos e outro de 19. Se for preciso, Ruth Vilela deixa o gabinete no 1º andar do ministério e embrenha-se na mata. Com um revólver de calibre 32 enfiado na bota, já comandou equipes de vinte homens, sempre armados com metralhadoras, em operações de resgate de escravos em quatro Estados. "Na minha primeira missão, no início eu não acreditava no que estava vendo. Depois veio a indignação. O tratamento dado a essas pessoas é pior que o dispensado aos animais. Nas fazendas que usam o trabalho escravo, tratam o gado melhor, porque o vacinam e lhe dão comida em estábulos feitos de alvenaria", diz ela.
Edvaldo Silva Santos, 32 anos, é protagonista de uma dessas histórias horríveis. Às 3 da madrugada, ele driblou os capangas numa fazenda em Tomé-Açu, no Pará, andou duas horas pela mata escura e, numa beira de estrada, conseguiu agarrar-se à traseira de um caminhão sem ser notado pelo motorista. Chegou a casa, um vilarejo perto de Tomé-Açu, reviu a mulher e as duas filhas, de quem não tinha notícias havia onze meses. No dia seguinte, recebeu um recado: ou voltava para a fazenda, ou perderia suas filhas. Ele voltou. Roçava a mata quinze horas por dia, não recebeu um tostão e fugiu de novo. Dessa vez não teve aviso prévio. Seu irmão foi assassinado com um tiro na cabeça e, em pleno dia do enterro, um capanga lhe sussurrou no ouvido: "Da próxima vez, é tua mulher e tuas filhas". Edvaldo Silva Santos retornou à fazenda. Foi escravo por mais sete meses, até serem libertadas há três semanas, junto com outros doze homens, duas mulheres e duas crianças.
Se o sujeito se negasse a trabalhar, o patrão mandava matar e enterrava na fazenda mesmo – conta Edvaldo.
Caminhão de gado – Na operação de resgate, houve troca de tiros entre os policiais e os capangas, e o proprietário da fazenda, o madeireiro gaúcho Gênio Dias Este fanes, homem tão vigilante que só deixava a fazenda a bordo de um carro blindado, acabou morto. Preparada com uma semana de antecedência, a operação reuniu 35 policiais. Na hora do cerco, Este fane tentou fugir, em um Fie ta, mas o carro atolou e ele foi atingido pela polícia. Na fazenda, as mulheres cozinhavam e os homens trabalhavam na lavoura, cuidavam de animais e cortavam madeira. Todos os dezessete escravizados, homens, mulheres e crianças, viviam em um galpão atrás da casa do fazendeiro. Os mais afortunados dormiam em rede. Os outros, no chão.
Nas denúncias da Comissão Pastoral da Terra, a CPT, que há mais de vinte anos procura chamar a atenção para as chagas rurais do Brasil, apareceu nos últimos dez anos 100 000 casos de "trabalho escravo". De 1996 para cá, a CPT denunciou 30 000 ocorrências. Só que, nessas contas, não se faz distinção entre escravidão e superexploração, daí por que o número é tão alto. Ao embaralhar o assunto, infla-se a cifra e joga-se um holofote sobre o tema. Mas essa prática também dificulta uma solução, como alerta o sociólogo José de Souza Martins, da Universidade de São Paulo, USP, num livro ainda inédito, Trabalho Escravo no Brasil Contemporâneo, a ser lançado em breve. Há três anos, a Central Única dos Trabalhadores, CUT, embarcou no denuncismo e criou o "disque-escravidão", uma iniciativa de quem não entende nada do assunto. Ou alguém acha que existe escravo acorrentado no pé de um orelhão? Considerando-se só os casos absolutamente comprovados, de gente escravizada que foi libertado, o número total de 777 sugere que as pessoas nessa situação cheguem a alguns milhares. No Brasil todo existe 26 milhões de trabalhadores rurais, que movimentam um PIB de 60 bilhões de reais. Trata-se de um universo infinitamente maior que o Brasil escravo. Mas o problema não é estatístico. Mesmo com algumas centenas de escravos libertados e alguns milhares ainda martirizados pelo trabalho imposto, ter esse regime funcionando na nona economia mundial é uma aberração.
Surgido na Antiguidade, quando os romanos e os povos germânicos escravizavam o inimigo vencido, o trabalho escravo chegou ao Brasil menos de quarenta anos depois do descobrimento e duraram três séculos e meio, até ser abolido em 1888. Mas, sob certos aspectos, a escravidão de hoje é pior que a do passado. Acabou a escravidão racial e permanente (que transformava o negro em objeto de propriedade do senhor por toda a vida). Sobrou um regime de servidão multirracial e temporária – e muito violento. Antes da Lei Áurea, matar um escravo negro era prejuízo para o senhor, que o comprara e nele investira. Hoje, não se compra o homem. A vítima é atraída à fazenda por promessas falsas. Estima-se que, entre os atuais escravos, 18% sejam assassinados, uma matança muito maior em termos porcentuais que a registrada nas senzalas do século passado. Em junho de 1995, quando reconheceu, num ato de forte simbolismo político, que há escravos no Brasil atual, o presidente Fernando Henrique, sociólogo autor de um livro sobre o assunto, disse: "Antigamente, os escravos tinham um senhor, os de hoje trocam de dono e nunca sabem o que esperar do dia seguinte".
Família no cativeiro – Comparado a nações onde existe escravidão, como as do sul da Ásia ou Oriente Médio, o Brasil é um caso residual. No Paquistão, o governo admite que haja 20 milhões de escravos. Na Índia, estima-se em 10 milhões, apesar do esforço do governo para combater essa prática histórica no país. No Nepal, calcula-se em 100.000. No Brasil, o ritmo da escravidão amazônica tem até diminuído, graças ao empenho do governo em estourar as senzalas e, também, à redução do desmatamento na região para a instalação de fazendas. Isso porque a escravidão, antes ou depois da Lei Áurea, sempre foi movida pela lógica econômica, e não por patrões que sejam bons ou maus. Antes de 1888, muitos senhores de escravo aderiram à abolição da escravatura e a defenderam, porque já não lhes interessava, do ponto de vista financeira, sustentar hordas de negros, que estavam ficando muito caros em razão da vigilância da Inglaterra para desbaratar o tráfico negreiro. É certo que, na hora em que for economicamente inviável escravizar, o problema tenderá a acabar – como a escravidão negra.
Como regra, os escravos do Brasil de hoje são levados às fazendas de ônibus, alguns de avião, mas a maioria vai mesmo a caminhão de carregar gado, de pé, pois não há assento para todos, sacolejando por horas a fio, às vezes dias. Chegam às fazendas e começam a roçar roçar e roçar. Das 5 da manhã ao cair da noite. Comem no mato, sob a vigilância de jagunços armados. Em geral, vãos sozinhos, mas alguns levam filhos e mulher. Pagam por tudo no barracão da fazenda: sal, feijão, arroz, até pelos instrumentos de trabalho, a foice, o machado. E, manipulados por uma espiral de dívidas impagáveis, caem na escravidão – até fugir, salvar-se numa operação de resgate ou até que o patrão dê o trabalho por encerrado.
O tocantinense José Rodrigues da Silva, 40 anos, cabelos desgrenhados, barba com fios brancos e olhar aflito, é um dos que caíram na armadilha da escravidão com a família inteira: a mulher, Maria, 33 anos, os dois filhos, Ronaldo, 16, e Marine usem 11, além de um irmão de 29 anos e um sobrinho, de 19. No final de 1997, em Santana do Araguaia, embarcaram todos num caminhão com a promessa de receber 50 reais por alqueire de mato roçado numa fazenda. Em uma semana, roçou quase 6 alqueires, o equivalente a vinte campos de futebol, e foram cobrar o serviço, 280 reais. Para seu espanto, a dívida contraída no barracão era de 300 reais. Resultado: José Rodrigues da Silva nada tinha a receber. Estava devendo 20 reais. Quis ir embora. Não deixaram. Com a família toda, fugir era arriscado. Aguinaldo Soares da Silva, o sobrinho, adolescente tímido, diz:
O peão que tentava fugir eles batiam de cipó e jogavam no córrego sem roupa. Só louco tentava fugir.
A escravidão por dívida – mero artifício para usurpar a liberdade do trabalhador – é uma modalidade antiga de cativeiro. Em meados do século passado, antes mesmo da abolição da escravatura, os fazendeiros de café em São Paulo trouxeram colonos europeus para trabalhar a terra e os escravizaram. Na Amazônia, o trabalho escravo é quase um hábito histórico. Antes da Abolição, os nordestinos expulsos pela seca eram escravizados no norte do país. No auge da borracha, havia escravos na extração do látex nos seringais, e um desses casos foi flagrado pelo escritor Euclides da Cunha, que o narrou, com detalhes, em seu livro À Margem da História, uma obra ofuscada pelo brilho do clássico Os Sertões. Nesse livro, Euclides conta como um cearense foi escravizado por dívida e conclui ter testemunhado "a mais criminosa organização do trabalho que ainda engenhou o mais desacatado egoísmo". No final dos anos 60, quando o governo militar passou a distribuir incentivos às grandes empresas para instalar projetos de colonização na região amazônica, o "desacatado egoísmo" voltou. Foi nesse tempo que Guilherme Pedro Neto, 51 anos, atualmente secretário da Contas, a entidade que representa cerca de 6 milhões de agricultores, mergulhou num martírio sobre o qual não fala sem ficar com os olhos marejados:
– Fui mais do que um escravo. Eu era um animal. Num ano, no início da década de 70, eu fui vendido três vezes.
Abuso sexual
O problema persiste ainda hoje por causa da escassez de mão-de-obra na região e, também, do desemprego no interior do Nordeste e Centro-Oeste, que leva algumas pessoas a aceitar qualquer tipo de trabalho e, em alguns casos, até a se sujeitar mais de uma vez à servidão, pois é melhor comer no cativeiro que ter a liberdade de passar fome. É um problema que, na Índia, está sendo combatido com a concessão de bolsas ou bônus para escravos libertados, de forma a evitar que voltem ao cativeiro por absoluta falta de alternativa. A família de José Rodrigues da Silva, aquele que quando foi receber o salário descobriu que devia 20 reais, está sem emprego desde sua libertação, há mais de um ano. Toda a família. Eles estão instalados numa cidadezinha empoeirada, Caseara, no Estado do Tocantins, às margens do Rio Araguaia.
Há mulheres escravizadas, como Maria, que chegou a uma fazenda com a família inteira. Ela tem cabelos castanhos, braços grossos e é analfabeta. Veste bermuda e camisa regata com a inscrição Comandar Aventure World e calça chinelos de dedo. Existem mulheres como Raimunda Chaves, 27 anos, que passou mais de um ano trabalhando numa fazenda em São Félix do Xingu, no Pará, em troca de dois pratos de comida. Cozinheira de mão-cheia, tímida e de pouca conversa Raimunda hoje está de volta a sua cidade, vive com o novo namorado e um filho de 3 anos. VEJA a entrevistou em sua cidade, mas Raimunda, ressabiada pelo inferno que enfrentou, pede para que não se informe o nome da localidade. Ela tem medo de morrer. Na fazenda em que foi escravizada, Raimunda sofreram abuso sexual três vezes por parte dos capangas. Pensou em suicídio. Um dia conseguiu fugir – mas deixou o marido para trás, de quem nunca mais teve notícia.
Há casos de pai e filho, como o maranhense Lado Martins dos Santos, 67 anos, que levou o filho José, 17, e ficaram dois meses suando na escravidão numa fazenda no sul do Pará. Lado dos Santos, um velho forte que não distingue quilômetro de metro, nem direita de esquerda, estava desempregado e, ao aceitar o "emprego" no Pará, deixou seu casebre em Guarde, no norte do Tocantins, com ar orgulhoso de quem iria amenizar as dificuldades da família. Calçou a melhor botina, número 43, que ainda assim lhe deixava os dedos à mostra, vestiu calça e camisa "de pano" e embarcou num ônibus, com outros 41 homens, que também viraram escravos na mesma fazenda. Ao chegar, pai e filho ergueram um barraco de lona, em que dormiam com mais três integrantes do grupo. Passaram a roçar o dia inteiro, e à noite faziam a própria comida: o prato era arroz e feijão, sempre. Duas vezes por semana comiam carne, quando o fazendeiro matava bois. Para beber, água suja, que buscavam num córrego que também servia de banheiro. Quando foi fazer sua primeira cobrança, o velho Lado ouviu que não tinha nada a receber. Nem ele, nem o filho. Daí em diante, ambos passaram a trabalhar "com uma carabina apontada pra cabeça da gente".
Fingindo-se de morto – Até hoje, a escravidão vem sendo vantajosa para esses novos senhores de escravo, inclusive no plano da impunidade. Não há notícia de um único fazendeiro ou gato, como é chamado o aliciador de mão-de-obra escrava, que tenha ido para a cadeia. Em fevereiro do ano passado, o fazendeiro Antônio Barbosa de Melo, dono de duas glebas no sul do Pará, foi condenado a dois anos de prisão, mas, por ser réu primário, está em liberdade, e sua única obrigação com a Justiça é entregar cinco cestas básicas por mês à CPT. Sílvio Caetano de Almeida, de Marabá, também foi condenado há dois anos, depois que a Justiça comprovou a existência de escravos em sua fazenda, que eram espancados e acorrentados quando tentavam fugir. Seu caso, porém, está nos tribunais superiores de Brasília. Até Benedito Mostram Filho, dono de um haras perto de Belém e um dos maiores exportadores de castanha do país, saiu-se bem na Justiça. Em 1989, um capanga de sua fazenda tentou matar dois fugitivos – um morreu e o outro, com dois tiros na mandíbula, fingiram-se de morto, chegou a ser colocado dentro de um saco plástico, abandonado numa beira de estrada, mas sobreviveu para depor e denunciar. Só o capanga foi condenado – e, aliás, está foragido.
Não se sabe quantos processos por escravidão correm na Justiça brasileira, mas o mais volumoso, e ainda em curso, é o do fazendeiro Luís Martins Pires, que tinha nada menos que 220 escravos em sua fazenda Flor da Mata, no sul do Pará, todos libertados pelo Ministério do Trabalho. Está sendo processado por violar dois artigos do Código Penal – por "reduzir alguém à condição análoga de escravo" e por "frustrar mediante fraude ou violência direitas trabalhistas". Pode pegar até dois anos de prisão. Três meses depois de perder sua senzala, Luís Martins Pires perdeu também a fazenda, desapropriada para fins de reforma agrária, mas ganhou um prêmio. A título de indenização, recebeu 2,5 milhões de reais pela propriedade que, dois anos antes, ele comprara por apenas 100.000 reais. "É preciso uma lei que exproprie fazendas de escravos como se faz com as que plantam drogas", diz o deputado Paulo Rocha, do PT do Pará. Ele é autor de uma lei, sancionada pelo presidente Fernando Henrique há três meses, que pune com cadeia todos os envolvidos na rede de escravidão – o fazendeiro, o gato, o capanga. Quem sabe assim nenhuma outra mãe brasileira passe pelo mesmo drama de dona Clarinda Borges, 64 anos, três dentes na boca, moradora de um casebre miserável em Guarde, no Tocantins. Mãe de sete filhos, quando se passaram trinta dias desde a partida de um deles, João Manoel Alves Paes, 29 anos, para uma fazenda perto de Santana do Araguaia, no Pará, ela pressentiu algo de errado. Seu diagnóstico:
– Roubaram meu filho.
Seu filho virou escravo no Pará, foi libertado pelas equipes do Ministério do Trabalho, voltou para casa, mas já saiu de novo. Está trabalhando em outra fazenda, desta vez nos arredores de Guarde. Mas onde fica? Dona Clarinda não sabe. Ele está bem? Dona Clarinda não sabe. "Faz tempo que ele não aparece por aqui."
Analise do texto
Este texto mostra perfeitamente que existe escravidão comprovada no Brasil. E não e pouca coisa. Foram libertadas e confirmadas quase mil pessoas e a estimativa e muito grande. A frase de Antonio Pereira “Não se faz isso nem com bicho” demonstra que o trato anda muito pior do que o da época da tronca e das senzalas. Realmente para os fazendeiros sem escrúpulos aquele homem não vale nada, diferente da época da escravidão em que cada escravo era um capital investido e por isso não podia ser sacrificado a qualquer custo. O fato dos animais serem tratados melhor do que as pessoas e o fim da picada. Uma pessoa que faz isso não tem um pingo de humanidade... Uma pessoa que abusa sexualmente de uma pessoa e uma pessoa sem escrúpulos e sem lógica humana... E a falta de uma natureza, porque o comportamento já se foi há muito tempo...
Ficamos-nos muito surpresos com o empenho da policia, com toda a estratégia montada e esquematizada e muita vontade de resolver este problema. Pelo menos essa consciência eles tem de que existe e está em grande escala. Não fica mo felizes porque chegamos à conclusão de que isso não e mais do que a obrigação de nossa policia e de nosso governo. Mas falta ajuda por parte dos governos estaduais e municipais. As oligarquias rurais mais uma vez são o problema de nossos pais... Poderíamos dizer nossos "Srs. de engenho" ou "coronéis" porque estamos vendo coisas de séculos atrás que apenas esses homens faziam. E incrível a falta de bom-senso e o ato do individualismo capitalista subir as suas cabeças...
Mas a parte mais chocante de todas com certeza foi a em que vemos a que ponto tudo isso chegou... As seguintes palavras já bastam “... é melhor comer no cativeiro do que ter a liberdade de passar fome...”. Esse e o comportamento capitalista mais desprezível que existe. A falta de compaixão e o egoísmo para com a sociedade. O homem como um objeto, como parte da maquina, como diria Karl Marx. E a mais-valia em pratica... Temos grandes fontes de exercito de reserva o que diminui a necessidade de procura para com os fazendeiros. Então o que fazem... Pegam os mais inocentes os que mais precisam... E como a estória que li uma vez em um livro de Paulo Sandroni, sobre a mais-valia que podemos relacionar ao caso discutido. Um pescador pescava 10 peixes por dia com um lucro de 10 reais cada. Ao final do dia lucrava 100 reais. Um belo (com um pouco de ironia) dia uma grande corporação chega às margens de onde nosso pescador trabalhava. A produção em massa dessa corporação diminui a quantidade de peixes na margem onde nosso pescador trabalhava (isso será colocado como o desemprego). Em outro belo dia um agente da corporação chama nosso funcionário que estava passando fome já que são sabia pescar (isso será colocado como a falta de qualificação de nossos candidatos a escravos) para trabalhar por 300 reais mensais (mudei o valor do original de Sandroni para que retrate melhor o que queremos passar) e continuar pescando a mesma quantidade de peixes de antes, qual era 10 dez Ele continuara fazendo seu serviço como antes são qual explorado. E é ai que queremos chegar. A parte de caráter economista do exemplo pode ser esquecida, mas a parte da exploração e a que acontece e que quero comparar. Nossos escravos são sujeitos a trabalhar pelo que conseguirem para que não passem fome. E da lhe exploração...

A escravidão nos dias de hoje

A escravidão nos dias de hoje  (continuação)

"Antigamente, os escravos tinham um senhor, os de hoje trocam
“De dono e nunca sabem o que esperar do dia seguinte.”
Fernando Henrique Cardoso

Já se passou muito tempo desde a abolição da escravatura em 1888. Nossa amada e idolatrada pátria foi o ultimo pais a fazer a abolição da escravatura. Depois de uma mudança brusca sempre demora um pouco para que sejam feitas todas as mudanças necessárias, mas no Brasil nos enfrentamos um problema: ate hoje não acabou. Não vamos ser radicais e culpar apenas o Brasil, como se aqui o processo evolutivo do homem tivesse começado uma escala de retrocesso. Isto e um problema de vários países subdesenvolvidos atuais. África, Ásia, América do Sul... Todo tem sua parcela. O Brasil e um dos mais fracos!!! E um dos que o combate contra e de grande intensidade!!! Mas quais as causas? Como pode nosso governo deixar isso acontecer diante dos próprios olhos... Como pode homens ainda fazer isso! Depois de um senso lógico e alguns momentos de reflexão podemos chegar a certas conclusões.
Nossa economia, nosso governo, nossa realidade... Esses são alguns dos bons motivos para que a escravidão atual ainda exista. Somos uns pais ricamente agrário, o que já fornece um excelente painel para que a escravidão seja utilizada. Você pode utilizar escravos em uma plantação, mas não em uma fabrica de microprocessadores. O nosso pais e um dos maiores do mundo em extensão territorial, o que facilita a ilegalidade do ato... Não culpemos nosso governo de tudo, por que sentimos sua preocupação com o problema e sua luta para que isso acabe. Mas a culpa lhe cairá no quesito trabalho, terras e pobreza. E uns pais sem empregos, sem dinheiro, sem reforma agrária... Uma reforma agrária bem sucedida renderia empregos para muitos desses, que, enganados caem nas mãos de pessoas que vivem com a cabeça alguns séculos atrasada. Pessoas sem escrúpulos, que se utilizam da ingenuidade de pobres coitados que passam fome e rezam todas as noites para um emprego melhor. Esses pobres coitados que nessa vida nunca tiveram instrução o bastante para realizar o sonho de sair dessa vida.
Vou dar um exemplo de uma reportagem que saiu na revista Terra (Ano 3, numero 10, edição 30, outubro de 1994), de nome a Sina do Sisal. Não e bem uma reportagem sobre a escravidão, já que, escravidão e o emprego em que não se pode sair e lá eles eram "livres"; depois mostrarei o caráter da escravidão neste serviço. O sisal e uma planta que e encontrada em abundância em lugares quentes (de origem mexicana), que se adaptou muito bem ao Brasil. Ela foi trazida ao Brasil no inicio dos anos 60, no auge do comercio deste produto, quando uma tonelada era vendida a mais de 1000 reais e sua procura era enorme. A matéria prima e utilizada para fazer cordas, rechear estofamentos, produzir pasta para a indústria de celulose e para a produção da bebida tequila. Hoje em dia sua tonelada se bem vendida consegue a media de 300 reais, e a cada ano sua procura diminui graças à entrada da fibra sintética no mercado, que e muito mais resistente. O único comprador internacional do sisal no Brasil e os Estados Unidos, que compra cordas para amarrar feixes de feno. A media salarial mensal de cada trabalhador e variável de 20 a 35 reais por mês. Homens, mulheres e crianças trabalham neste cultivo. O emprego que mais ganha, o de 35 reais e o de operar a "Paraibana" maquina de desfibrar o sisal. E uma maquina a diesel muito rudimentar que já arrancou a mão de mais de 2000 homens na região da Bahia. E pouco se comparado a o numero de pessoas que vivem disso, que e de mais de 1 milhão de pessoas espalhado por 100 municípios Baianos. Agora, vejamos uma coisa que mostrara a dureza deste trabalho. A pessoa que mais ganham na cidade, são as que não têm uma das mãos. A media salarial de aposentadoria por invalidez e de 200 reais contra 35 reais das que trabalham e tem as duas. De depoimento de um dos ex-trabalhadores do sisal, ele diz “Se quisermos nos libertar da escravidão do sisal, temos que cortar uma das mãos.". Imagine a que ponto uma pessoa deve chegar para que se atente contra o próprio corpo... E um absurdo... Eles são sindicalizados por um órgão de criação própria, mas que atinge apenas 25 % dos trabalhadores, já que grande parte não tem carteira assinada. Ele não tem apoio do governo para melhorar suas condições de trabalho e de incentivo para um novo mercado. Na terra deles, nada que se planta se colhe. A única coisa e o sisal que fica verde o dia inteiro. Se eles pararem de produzir morrem de fome, por que não tem outros meios de conseguir dinheiro e de manter algum modo de subsistência. Então se não podem, teoricamente, abandonar seus empregos, podemos chamá-los de escravos... Escravos do sisal... Eles vivem em condições não muito melhores do que as de uma senzala do século passado e se querem se ver longe de algum modo de serviço tem que escolher algo perto da morte... Como um escravo...

sábado, 10 de setembro de 2011

A Consciência Moral e a Liberdade Humana(cont.)


Se um primeiro momento a criança é levada pela predominância do desejo, ao mesmo tempo em que é constrangida pelas normas quer lhe são exteriores, a educação consiste no esforço de superação de tal estádio. O universo infantil é marcado pela heterônoma, em que as ações são0 comandadas “de fora”, pêlos valores herdados dos pais e da sociedade em que ela vive. Quando a educação é boa, a criança deve caminhar em direção a autonomia, à deliberação, à capacidade de organização autônoma das regras.

Bem sabemos que nem sempre é isso que ocorre de fato...

Liberdades

Quando nos referimos à liberdade de maneira geral, é preciso admitir que seja vário os enfoques pelos quais podemos compreendê-la. Se ninguém é solitário, pois convive na sociedade dos homens,, a liberdade é um desafio que permeia todos os campos da atividade humana.

Assim, podemos falar em liberdade ética quando nos referimos ao sujeito moral, capaz de decidir com autonomia a respeito de como deve se conduzir em relação a si mesmo a aos outros. Kant dizia que a liberdade consiste na obediência às leis que o próprio moral se impõe.

A liberdade econômica não deve ser confundida com a liberdade absoluta nos negócios. Por outro lado, porque toda atividade produzida supõe relações de dependência entre as pessoas e, por outro, porque convém precaver-se contra as aparências da liberdade. “A livre iniciativa, fundada na idéia de que deve vencer o melhor”, muitas vezes nos faz esquecer de que em uma competição esportiva, por exemplo, os concorrentes sempre a iniciam em pé de igualdade: mesmo quando os talentos são diferentes, todos começam juntos na linha de partida.

A liberdade jurídica é uma das conquistas das modernas sociedades democráticas que defendem a igualdade perante a lei. Ninguém pode ser submetido à servidão e a escravidão; qualquer um tem (ou deveria ter...) a garantia de liberdade de locomoção e ação, nos limites estabelecidos pela lei.

A aristocracia supõe a existência de indivíduos especiais que teriam privilégios. Foi contra as vantagens da nobreza que a burguesia se insurgiu no século XVIII, implantando as idéias contidas na Declaração dos Direitos que surgiram de inspiração para a construção da nova ordem daí em diante.

No entanto, nem todos têm acesso à lei de igual maneira. A justiça é lenta e cara e o poder econômico interferem sempre que pode. Ao se fazer a lei de um país é quase impossível evitar a interferência daqueles que detêm algum poder e desejam manter privilégios. Por ocasião da constituinte de 1988, a discussão a respeito de mais diversos assuntos, como reforma agrária, aposentadoria e verbas para educação pública, foram alvo de pressões das mais diversas, não podendo ser subestimadas as forças decorrentes do poder econômico.

Podemos concluir que a liberdade não é alguma coisa que é dada, mas resulta de um projeto de ação. É uma árdua tarefa cujos desafios nem sempre são suportados pelo homem, daí resultando os riscos de perda da liberdade. Como vimos, os descaminhos da liberdade surgem quando ela é sufocada a revelia do sujeito - no caso da escravidão, da prisão injusta, da exploração do trabalho, do governo autoritário - ou quando o próprio homem e ela abdicam, seja por comodismo, medo ou insegurança.

Concepções éticas

Agir de acordo com o bem

Podemos dizer que a reflexão ética se inicia no mundo ocidental na Grécia antiga, no século V a.C., quando se acentua o desligamento da compreensão de mundo baseada nos relatos místicos. Os sofistas rejeitam o fundamento religioso da moral e consideram que os princípios morais resultam das convenções sociais. Por essa época destaca-se o esforço de Sócrates no sentido de se contrapor á posição dos sofistas buscando os fundamentos da moral não nas convenções, mas na própria natureza humana. Seu discípulo Platão, no dialogo chamado Eutíforn, mostra Sócrates discutindo inicialmente sobre as ações o homem ímpio ou santo conforme a ordem constituída para então se perguntar em que consiste a impiedade e a santidade em si, independentemente dos casos concretos.

Para os hedonistas o bem se encontra no prazer. Em um sentido bem genérico, podemos dizer que a civilização contemporânea é hedonista quando identifica a felicidade com a aquisição de bens de consumo: ter uma casa, carro, boas roupas, boa comida, múltiplas experiências sexuais. E, também, na incapacidade de tolerar qualquer desconforto, seja uma simples dor de cabeça, seja o enfrentamento sereno das doenças e da morte.

No entanto, o principal representante do heroísmo grego, no século III a.C., Epicuro, considera que os prazeres os corpo são causadas de ansiedade e sofrimento, e, para a alma permaneça imperturbável, é preciso, portanto, desfazer os prazeres materiais. Essa atitude o leva a privilegiar os prazeres espirituais, dentre ao quais destaca aqueles referentes á amizade.

Varias têm sido as soluções encontradas para as questões éticas no decorrer da história da filosofia, mas desde a expansão do cristianismo a cultura ocidental ficou marcada pela tradição moral cujo fundamento se encontra nos valores religiosos e na cresça na vida depois da morte, Nessa perspectiva, os valores são considerados transcendentes, porque resultam de doação divina, o que costuma levar à identificação do homem moral com o homem temente a Deus.

No entanto, a partir da Idade Média Moderna, culminando no movimento da ilustração no século XVIII, a moral se trona laica. Portanto, ser moral e ser religioso deixa de ser inseparáveis, tornando-se perfeitamente possível admitir que um homem ateu seja moral, e, mais ainda, que o fundamento dos valores não se encontra em Deus, mas no próprio homem.

A moral iluminista

O século XVIII é conhecido como o século das Luzes, porque em todas as expressões do pensamento e atividade do homem, a razão, como a luz, se torna o instrumento para intervir e reorganizar o mundo. Recorrer à razão supõe a recusa da intolerância religiosa, a rejeição do critério de autoridade. Para Kant, maior expoente do iluminismo, a ação moral é autônoma, pois o homem é o único ser capaz de se determinar segundo leis que a própria razão estabelece.

Portanto a moral iluminista é racional, laica, acentua o caráter pessoal da liberdade do indivíduo e o seu direito de contestação. Também é uma moral universalista, porque, embora admitisse as diferenças dos costumes dos povos, aspira por encontrar o núcleo comum de valores universais.

Em busca do homem concreto

A partir do século e no decorrer do século XX, os filósofos começam a se posicionar contra a moral formalista kantiana findada na razão universal, abstrata, e tentam encontrar o homem concreto da ação moral.

É nesse sentido que podemos compreender o esforço de pensadores tão diferentes como Nietzsche, Marx, Kierkegaard, Freud e os existencialistas. Dentre estes, vamos destacar brevemente a importante contribuição de Nietzsche.

A moral cristã é a moral do rebanho geradora de sentimentos de culpa e ressentimentos, e fundada na aceitação do sofrimento, da renuncia, do altruísmo, da piedade, típicos da moral dos fracos.

A questão que se coloca hoje é a da superação dos empecilhos que dificultam a existência de uma vida moral autêntica.

Ainda mais: o esforço de recuperarmos da ética passa pela necessidade de não se esquecer da dimensão planetária da sociedade contemporânea, quando todos os pontos da terra, essa aldeia global, se acham ligados pelos meios de comunicação de massa e pelos mais velozes transportes. Isso nos faz considerar a moral além dos limites restritos dos pequenos grupos, como a família, o bairro, a cidade, a pátria. A generosidade da moral planetária supõe a garantia da pluralidade dos estilos de vida, a aceitação das diferenças, sem que se sucumba à tentação de dominar o outro por considerar a diferença um sinal de inferioridade.

A amizade

A adolescência é o momento em que os amigos assumem papel primordial, que grupos se formaram, que descobrimos poucos a pouco, nossa identidade. Em função disso, trataremos aqui da amizade, embora a abordagem seja mais psicológica que propriamente filosófica.

Características da amizade

A amizade é uma relação de amor, de afeto, de tipo muito especial. Ela se desenvolve no tempo, a partir de encontros sucessivos que nos revelam novas perspectivas, novos caminhos, fazendo-nos compreender uma parte de nós mesmos e do mundo que nos rodeia. É um momento de autenticidade frente à diversidade do outro.

A amizade não envolve sofrimento. Os amigos sentem-se bem na companhia um do outro, sem ambivalência. Não há lugar para mesquinharias, maledicências nem mal-entendidos. Cada um ajuda o outro a descobrir, por si mesmo, aquilo que é essencial em sua vida, percorrendo junta uma parte do caminho.

A amizade é um sentimento recíproco. Não é possível ser amigo.

A amizade é uma relação descontínua. Podemos passar muito tempo sem ver um amigo, mas, quando vemos, é uma alegria, um reencontro sem cobranças pelo tempo que passou. Podemos retomar as conversas, sem obstáculos, sem mal-estar, sem maiores explicações.

A amizade, também, não é exclusivista, ou seja, podemos ter vários amigos, sem que um roube nada do que damos ao outro. Não há concorrência entre amigos. Há reconhecimento do valor da individualidade única e inconfundível de cada um. Toda individualidade merece esse reconhecimento.

Na adolescência, entretanto, às vezes, a amizade é possessiva. Temos ciúmes do amigo que dá atenção a outra pessoa. Sentimo-nos roubados do tempo e do afeto que ele dedica a outra.

É o momento de parar e rever essa amizade. Nosso ciúme é fruto do sentimento de posse, que está ligado ao nosso próprio bem e a nossa insegurança, ou é resultado do descaso do outro que já não valoriza a nossa relação e a nossa individualidade como anteriormente? No primeiro caso, somos nós que não correspondemos á amizade e desejamos amputar as possibilidades de descoberta, de afeto, de encontro do outro. No segundo caso, é o outro que não se comporta como amigo, que se desinteressa da relação e que nos desilude com a falta de reciprocidade. Seja por uma razão ou por outra, a amizade está em crise e é necessário discuti-la, resolver os mal-entendidos para que um novo encontro seja possível, ou que os caminhos se separem.

Talvez não seja muito fácil encontrar verdadeiros amigos. Mas, quando os temos, vale à pena cultivar sua amizade, que pode vir a durar a vida inteira.


O amor e a paixão

Por que falar do amor? Não basta amar?

A resposta é não. Em qualquer idade, o amor, A paixão entre duas pessoas é algo maravilhoso, mas quanto mais conhecemos a estrutura desses sentimentos e das emoções que lhes são relacionadas, melhor poderemos vivê-las, tanto na adolescência quanto em outros momentos da vida.

Estamos, portanto, escolhendo uma das paixões “alegres”, discutidas no texto sobre o desejo, uma vez que enfocaremos somente a paixão amorosa e, ainda aqui, do ponto de vista psicológico.

Francesco Alberoni, sociólogo, italiano contemporâneo, estabelece algumas diferenças entre a paixão e o amor, como veremos a seguir.

A paixão

A paixão, segundo Alberoni, é uma revelação, uma fulguração que transforma toda nossa vida. É o advento do extraordinário que nos retira da tranqüilidade da vida cotidiana, na qual os laços afetivos se encontram já consolidados, e nos atira num rodamoinho que transfigura a qualidade da vida e da experiência, levando-nos a alterar radical e profundamente nossas relações com os outros e nossa postura frente ao mundo.

A paixão, ainda de acordo com a terminologia de Alberoni, é um “estado nascente” que pode levar uma pessoa a descobrir outra ou a descobrir ideais coletivos que a façam ligar-se a um grupo ou movimento. Assim, a paixão é um impulso vital que nos leva a explorar todos os possíveis de nossa vida, que nos faz descobrir emoções intensas e ativas nossa imaginação, tornando-nos mais criativos e contribuindo para que assumamos riscos.

A paixão é ainda, exclusivista. Seu objeto é um só e não pode ser substituído. A paixão exige total dedicação. No entanto, pode ser unilateral, isto é, pode não ser correspondida.

A paixão cria, também, o tempo e o espaço místicos. Determinadas datas, determinados lugares são considerados “sagrados” pelo par enamorado. São “seus”. Estão ligados à origem da paixão e são comemorados seguidamente, tendo a função de reativar os sentimentos.

O amor

Às vezes, em continuação à paixão, outras, nascendo sem ela, temos o amor. O amor é um sentimento de tranqüilidade, de ternura, de reconhecimento das boas qualidades do outro e de aceitação de seus defeitos. Dura mais que a paixão porque se encaixa e se desenvolve fora das situações extraordinárias, dentro dos limites da vida cotidiana.

A passagem da paixão para o amor é feita através de provas, algumas cruciais, às quais nos submetemos e submetemos a outro. Se as provas forem superadas, a paixão vai se revestindo de certeza e o amor passa a preencher os espaços da vida cotidiana, durante a qual nos preocupamos com o outro, assumimos certas tarefas p0ara o seu bem-estar, dedicamo-nos à realização de projetos comuns.

A prova à qual nos submetemos é a prova da verdade: queremos saber se estamos mesmo apaixonados, ou se podemos nos distanciar e der a paixão por encerrada. É a própria força dos nossos sentimentos que nos impele a resistir, a crer que nos enganamos que estaremos bem sem o outro. Já nos inebriamos, agora queremos paz. Basta, entretanto, pouco tempo de separação para que sintamos o renascer da paixão, do encantamento, da necessidade e do desejo de estar com o outro. Neste caso, a prova foi superada.

Devemos sempre nos lembrar de que o amor é uma relação que precisa ser cuidada para não cair no ressentimento, na cobrança por todas as renúncias feitas. É um contínuo refazer de projetos que se adaptem a cada mudança de curso de qualquer um dos parceiros e a cada época da vida a dois, pois o equilíbrio entre a individualidade de cada um, sua necessidade de realização e as exigência do projeto comum é extremamente frágil.

A psicanálise

Sigismundo Freud, médico austríaco, foi fundador da Psicanálise. Ele trabalhou com o professor Bering e por persuasão fazia o enfermo recordar, quando em estado consciente, do que podia obter a cura de enfermos, desde que fizesse voltar às consciências certas representações inconscientes.

Freud, assim, procurava tornar consciente o subconsciente, por meio da persuasão. E, deste modo, a psicanálise se constituiu num método para curar enfermidades nervosas, e foi através de suas experiências e de suas curas, que Freud pôde construir sua teoria.

Observou que os pacientes, quando falarem, narravam muitas coisas de maneira desordenada. Procurou, por entre as palavras, descobrir o que havia de mais importante e que lhe pudesse dar o fio para chegar a descobrir a causa da enfermidade.

Em vez de hipnotizar os pacientes, deixou-os falar à vontade. Estava convencido de que todos os fatos descritos pelo paciente tinham um sentido, e era questão de tempo apenas para que, do subconsciente, surgisse o essencial que lhe permitisse descobrir a causa da enfermidade.

Compreendeu, assim, que muitas coisas que sucedem com os sãos têm sua explicação psicanalítica.

Os esquecimentos não são puramente acidentais. Há uma razão atrás disso tudo. No entanto, tais fatos não são conscientes. O que levava a tal esquecimento era algo de subconsciente.

Freud estudou esses pequenos erros, esses atos falhados, palavras trocadas, que na vida cometemos todos nós. Por exemplo, se num discurso, alguém em vez de dizer: “o honroso discurso do orador que me precedeu”, dissesse “o horroroso discurso do orador que me precedeu” são lapsos que muitos cometem e que revelam as verdadeira intenções de que os pratica.

Fundamentos da Psicanálise

O fenômeno da vida é um fenômeno de assimilação e de desassimilação. Duas constantes biológicas dirigem os homens, assim como todos os seres vivos:

a) Conservação do indivíduo: alimentação, etc.;

b) Conservação da espécie: reprodução.

Na vida se dá uma troca de energia entre o homem e o ambiente. Para assimilar, para alimentar-se, o homem retira do ambiente as energias necessárias, em forma de frutos, alimentos, água, ar, etc., que não pode tirá-las de si mesmo. Por outro lado, o homem devolve ao ambiente, ao mundo da natureza que o cerca, o que recebe (desassimilação). Devolve em parte. Compreende-se, portanto, a relação.






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